Neste dia da poesia, da floresta e outros mais:
Cesario Verde - Lagrimas
Ela chorava muito e muito, aos cantos,
Frenética, com gestos desabridos;
Nos cabelos, em ânsias desprendidos,
Brilhavam como pérolas os prantos.
Ele, o amante, sereno como os santos,
Deitado no sofá, pés aquecidos,
Ao sentir-lhe os soluços consumidos,
Sorria-se cantando alegres cantos.
E dizia-lhe então, de olhos enxutos:
"Tu pareces nascida da rajada,
'Tens despeitos raivosos, resolutos:
"Chora, chora, mulher arrenegada;
"Lagrimeja por esses aquedutos...
"Quero um banho tomar de água salgada."
Frenética, com gestos desabridos;
Nos cabelos, em ânsias desprendidos,
Brilhavam como pérolas os prantos.
Ele, o amante, sereno como os santos,
Deitado no sofá, pés aquecidos,
Ao sentir-lhe os soluços consumidos,
Sorria-se cantando alegres cantos.
E dizia-lhe então, de olhos enxutos:
"Tu pareces nascida da rajada,
'Tens despeitos raivosos, resolutos:
"Chora, chora, mulher arrenegada;
"Lagrimeja por esses aquedutos...
"Quero um banho tomar de água salgada."
Gosto da poesia cesariana pois retrata muito bem a sociedade da sua altura.
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